Escândalo Financeiro em Pirassununga: Fraude Milionária Abala Administração e Coloca Prefeito em Xeque

Pirassununga, SP – Um dos maiores escândalos financeiros da história recente de Pirassununga está colocando a administração do prefeito Fernando Lubrechet em um sério dilema. O prejuízo de R$ 2.181.878,66, fruto de uma fraude envolvendo o pagamento do vale-alimentação dos servidores municipais, está abalando as estruturas do governo local e deixando a cidade à deriva, enquanto a população sofre as consequências de uma administração que, até então, se apresentava sob a bandeira da moralidade e da eficiência.
O Estopim da Crise
A crise começou a tomar proporções alarmantes no dia 15 de fevereiro de 2025, quando os servidores municipais se depararam com a ausência do crédito do vale-alimentação em seus cartões. No entanto, o que parecia ser um erro administrativo simples se revelou uma fraude milionária, envolvendo a transferência de fundos públicos para uma conta bancária fraudulenta.
Foi mais de um mês depois, após o indeferimento da liminar que pedia o bloqueio dos valores pela Justiça, que a fraude veio à tona. O Agora Região, responsável por trazer à público a informação crucial, obteve documentos que mostram que a própria Prefeitura, sob a gestão de Fernando Lubrechet, realizou a transação bancária que resultou no pagamento indevido para uma conta desconhecida. O incidente se deu após a Seção de Tesouraria do município receber e-mails falsificados, aparentemente enviados pela empresa responsável pela gestão dos cartões alimentação, a LE CARD, solicitando a alteração da conta bancária para o pagamento dos valores.
A Falha Crítica
Embora o erro tenha sido identificado em 17 de fevereiro, com o pagamento sendo realizado para a conta correta, os três pagamentos realizados no dia 12 de fevereiro para a conta fraudulenta não puderam ser recuperados. Para agravar ainda mais a situação, a ação judicial movida pela Prefeitura contra o banco que recebeu o pagamento foi rejeitada pela Justiça, impedindo qualquer tentativa de bloquear os valores desviados.
O valor de R$ 2,1 milhões, perdido na fraude, poderia ser utilizado para diversas melhorias fundamentais na cidade. Com esse montante, a Prefeitura poderia ter adquirido ambulâncias novas ou reformado aquelas já sucateadas, além de investir em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. No entanto, o que se vê é um município em crise, com ambulâncias quebradas, remédios faltando e ruas em total abandono.
A Reação da Câmara Municipal
A reação do Executivo e do Legislativo tem sido cautelosa, mas fontes internas confirmaram que um grupo de vereadores está pronto para convocar uma Comissão de Investigação (CI) para apurar as responsabilidades no caso. A dúvida que persiste é por que, se houve tamanha falha na gestão do atual prefeito, não há a mesma postura rigorosa que se viu na administração anterior, que resultou em investigações e afastamentos por suspeitas de favorecimento em licitações, embora sem comprovação até hoje. Em contraste, nesta gestão, o prejuízo financeiro é real e confirmado, mas ainda assim a resposta das autoridades e do próprio prefeito tem sido tímida.
O Passado Político Conturbado
O caso atual ganha ainda mais relevância quando comparado ao histórico recente de administrações municipais anteriores. O ex-prefeito Ademir Lindo foi afastado do cargo após acusações de assédio sexual, um escândalo que paralisou a gestão por meses. Em seguida, o prefeito Dimas foi afastado por suspeita de má gestão durante a pandemia de COVID-19, embora suas contas tenham sido mais tarde aprovadas pelo Tribunal de Contas. Já o ex-prefeito Mantovani enfrentou acusações de favorecimento a uma empresa em licitações, mas foi absolvido das acusações (com a devolução de R$ apreendidos na ‘operação’ pode significar presunção inocência), sem que houvesse condenação judicial.
Este histórico de escândalos envolvendo a classe política de Pirassununga levanta questionamentos sobre o rigor das investigações e a aplicação da justiça no município. Mesmo diante de acusações graves e prejuízos financeiros, o tratamento das questões parece ser mais brando quando comparado à gestão atual, onde um golpe milionário afetou diretamente os cofres públicos e a vida dos servidores municipais.
A Indignação da População
A população de Pirassununga, já cansada de promessas vazias, se vê mais uma vez prejudicada por uma gestão que se dizia eficiente e ética. “O prefeito prometeu mudanças, mas, em vez disso, estamos vendo um caos administrativo e um dinheiro público jogado fora”, lamenta um morador, indignado com a situação.
É ainda mais irritante para muitos moradores que, no passado recente, prefeitos da cidade foram cassados e afastados do cargo por acusações de assédio, má gestão e favorecimento, sem que, no entanto, houvesse qualquer prejuízo financeiro comprovado aos cofres públicos. Agora, diante de um caso de fraude clara, que resultou em uma perda milionária, a mesma postura rigorosa parece não ser aplicada ao atual governo.
O Que Esperar Agora?
Diante de um prejuízo tão expressivo, a grande questão que se coloca é: quem será responsabilizado? O Ministério Público precisa atuar com a mesma celeridade e vigor demonstrados em investigações passadas, garantindo que a perda de recursos públicos não passe impune. O prefeito Fernando Lubrechet, eleito com um discurso de moralidade e gestão eficiente, precisa explicar à população como uma fraude dessa magnitude ocorreu sob sua supervisão.
O futuro de Pirassununga parece estar em jogo, e a cidade não pode pagar o preço da negligência administrativa. As promessas de uma gestão transparente e comprometida com o bem-estar da população precisam se traduzir em ações concretas, antes que mais um escândalo, desta vez de proporções financeiras alarmantes, se torne apenas mais uma mancha no currículo de quem se elegeu prometendo mudar a política local.
