Diosdado Cabello reage à autorização dada por Trump à CIA e convoca o povo venezuelano a resistir a uma possível invasão

Fonte – https://www.contrafatos.com.br/mundo
O ministro da Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, fez um discurso inflamado nesta quinta-feira (16/10), prometendo resistir a qualquer intervenção dos Estados Unidos com as “armas do povo”. Empunhando um facão diante de militares durante uma cerimônia em Carayaca, no estado de La Guaira, o dirigente afirmou que os venezuelanos estão preparados para defender o país “até com os dentes”.
O pronunciamento veio um dia após o presidente norte-americano Donald Trump autorizar operações da Agência Central de Inteligência (CIA) em território venezuelano, em meio ao aumento da tensão entre Washington e Caracas.
“Depois não vale pedir tempo. Porque, quem tenta entrar aqui, sabe que vai enfrentar um camponês com um facão na mão em qualquer lugar, com um fuzil da pátria em qualquer esquina. As armas do povo, as tem o povo. As armas da nação, as tem o nosso povo, para cuidar da pátria de qualquer inimigo — se chame como se chame, venha de onde venha”, declarou Cabello, brandindo o facão diante da tropa.
Escalada de tensão e ofensiva militar dos EUA no Caribe
A relação entre os dois países se deteriorou nas últimas semanas, depois que o governo norte-americano intensificou operações navais contra embarcações de origem venezuelana acusadas de transportar drogas para os Estados Unidos. Essas ações, segundo fontes regionais, resultaram em pelo menos 27 mortes.
Além disso, Trump concedeu “autorização presidencial” para ações letais da CIA no Caribe, com o objetivo declarado de “enfraquecer o regime de Maduro” e derrubar a ditadura venezuelana. O novo decreto permite que a agência execute missões secretas autônomas ou em conjunto com as Forças Armadas dos EUA.
Governo venezuelano mobiliza milicianos e zonas de defesa
Diante da ameaça, o presidente Nicolás Maduro anunciou nesta sexta-feira (17/10) a ativação de zonas de defesa integral em Mérida, Trujillo, Lara e Yaracuy, regiões estratégicas no centro-oeste da Venezuela. Segundo o governo, 468 milicianos já estão posicionados nessas áreas para reforçar a segurança nacional e a estabilidade regional.
Essas zonas, parte do plano de defesa integral bolivariano, preveem a mobilização conjunta de forças armadas, milícias e civis armados.
“De Carayaca, o povo camponês jura pronto para defender a pátria, a terra e a revolução. Aqui não há medo nem rendição: há dignidade, consciência e amor pela Venezuela”, declarou Cabello, conclamando os venezuelanos a se unir “em defesa da soberania e contra as ameaças imperialistas”.
Acusações dos EUA e o “Cartel de los Soles”
A escalada militar no Caribe ocorre após os Estados Unidos classificarem organizações de narcotráfico como grupos terroristas, o que ampliou o poder de ação das forças de segurança americanas fora do país.
O governo Trump acusa Maduro e integrantes do alto escalão venezuelano de liderarem o “Cartel de los Soles”, uma rede internacional de tráfico de drogas operada por militares e agentes do Estado.
Em agosto, Washington anunciou o envio de navios de guerra, submarinos e caças F-35 para a região do Caribe, em uma das maiores mobilizações já vistas desde o início da crise venezuelana.
A nova política de segurança americana, segundo analistas, busca cercar o regime chavista e pressionar a cúpula de Maduro por meio de operações navais e de inteligência coordenadas pela CIA.
Enquanto isso, o governo venezuelano tenta transformar a ameaça externa em mobilização interna, usando o discurso da defesa da pátria para reforçar o apoio popular ao regime.
Veja também
- EUA enviam navios de guerra para perto da Venezuela em combate a cartéis de drogas
- EUA classificam Nicolás Maduro como terrorista e fugitivo da Justiça
- X elogia Trump por sanções contra Alexandre de Moraes e acusa ministro de liderar “campanha de censura”
- Trump envia submarino nuclear e cruzador à costa venezuelana