Audiência do PPA na Câmara de Pirassununga é marcada por erros, discussões e críticas ao Executivo

PPA, pode levar à Cassação de Mandatos
A audiência pública referente ao Plano Plurianual (PPA), realizada na noite desta terça-feira (21) na Câmara Municipal de Pirassununga, foi novamente marcada por erros grosseiros, discussões acaloradas e uma verdadeira lambança por parte do Executivo Municipal.
Mais uma vez, foi encontrado erro na planilha da Secretaria de Agricultura e Assistência Social, fato que já havia sido apontado em ocasião anterior. No entanto, o episódio mais emblemático da noite foi o discurso firme e inflamado da vereadora Dra. Sandra Vadalá, que rebateu duramente o Executivo quanto aos subsídios do transporte público municipal, que não foram apresentadas no PPA.
A parlamentar criticou o fato de o Executivo ter aumentado em quase 50% a tarifa do transporte público, o que o povo já sofre demais, esta matéria é alvo de uma ação popular, movida pelo advogado Kayo Azevedo que considera arbitrária e sem critérios técnicos, os reajustes. bem como foi cobrado pela vereadora a promessas de uma nova licitação.
Conselhos municipais não foram ouvidos
Durante a sessão, ficou evidente que o Executivo não consultou os conselhos municipais na elaboração do PPA, o que foi visto como uma afronta à lisura e à transparência administrativa.
A situação se agravou quando a vice-presidente do Conselho Municipal de Saúde solicitou a palavra para questionar um valor lançado no orçamento destinado a repasses para o conselho — verba que ela afirmou desconhecer completamente.
No mesmo sentido, o presidente do Conselho Municipal de Educação manifestou-se sobre diversos pontos do planejamento, mas foi rebatido de forma agressiva pelo secretário de Educação. Durante essa discussão, foi mencionado o caso da Escola Zuleika, localizada na Vila São Pedro, região que elegeu o vereador Gigio. O secretário demonstrou desconhecimento da realidade local, tratando a questão de forma técnica e distante, comparada a números de uma planilha de powerbi. O vereador Gigio reagiu prontamente, defendendo os moradores e exigindo mais respeito à comunidade.
Abandono de vereadores e atrito com servidores
Outro fato que chamou atenção foi o abandono da audiência pública pelos vereadores Theo e Fabrício, por motivos ainda não esclarecidos. A atitude causou estranhamento, já que o PPA é a peça-chave do planejamento do município para os próximos quatro anos, e o gesto foi interpretado por alguns como falta de interesse nos debates.
Além disso, a presença de diversos servidores públicos municipais gerou um clima de tensão quando o secretário de Administração cobrou “produtividade” dos funcionários, em tom considerado desrespeitoso. O episódio foi visto como mais um reflexo da falta de consideração do Executivo pelos servidores municipais e a população.
Durante a audiência, observou-se que os servidores têm sido tratados como números em planilhas de Excel ou Power BI, avaliados como se fossem máquinas, e comparados, em algumas ocasiões, a sistemas de inteligência artificial — postura amplamente criticada pelos servidores e vereadores.
Aumento de orçamento em ano eleitoral levanta suspeitas
O vereador Carlinhos de Deus, conhecido como Carlinhos da Santa Fé, destacou um ponto relevante: o aumento de R$ 10 milhões no orçamento da Secretaria de Obras, justamente em ano eleitoral. Segundo o parlamentar, o incremento pode representar uma estratégia política do Executivo para tentativa de reeleição.
Diante das inconsistências apresentadas, o vereador solicitou ao presidente da Câmara a retirada de pauta do projeto do PPA, alegando a existência de erros grotescos e falta de clareza nas informações.
Presidente da Câmara cobra providências e critica o Executivo
O presidente do Legislativo, vereador Wallace Bruno, demonstrou profunda insatisfação com o posicionamento do Executivo, criticando a falta de organização e o atraso na entrega do projeto.
Ele afirmou que, durante a sessão ordinária da próxima segunda-feira, caso algum vereador apresente requerimentos sobre o tema, estes deverão ser discutidos e votados. O abandono dos vereadores Theo e Fabrício foi interpretado por alguns parlamentares como uma possível estratégia para barrar votações e postergar deliberações.
Cabe relembrar que o projeto do PPA deveria ter sido entregue regularmente até o dia 31 de agosto de 2025, o que ocorreu apenas às 23h59 do último dia do prazo, e ainda incompleto, com ausência de dados de diversas secretarias. Após análise do Departamento Jurídico da Câmara, o Executivo protocolou uma espécie de apêndice, mas, na audiência anterior, já haviam sido constatados erros.
Na sessão desta terça-feira, foi apresentado um novo projeto, que o Executivo afirmou ser a versão corrigida, porém, novamente apresentou falhas e inconsistências.
Conclusão
O que se viu, de fato, foi uma audiência conturbada, marcada por equívocos, falta de diálogo e desrespeito institucional. A condução do Executivo tem sido alvo de críticas recorrentes por parte dos vereadores e da sociedade civil, especialmente pela ausência de transparência e pela postura autoritária em decisões que impactam diretamente a população de Pirassununga.
PPA pode levar Prefeitos a Cassação de Mandatos
“Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato: (…) V – Deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em forma regular, a proposta orçamentária;”
Imagem do Instagram da vereadora Sandra Vadala