APLACE – Academia de Letras completa 43 Anos
Nesta quarta-feira, 17 de julho, a APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação está completando 43 anos de fundação.
A APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação surgiu, como tudo que é sublime, de um grande sonho, após a maturação de projetos que durante muitos anos fecundaram na alma e no coração de alguns pirassununguenses desde o período vernal de sua existência. Tudo começou na década de 20. Eram jovens estudantes que desde os tempos do mercado velho, existente ali na então rua Santa Rita, atual Duque de Caxias, se reuniam na Pastelaria do Pescador, num canto do mercado.
Nesse antigo lugar, a horas tardias, passavam para o pátio do mercado, onde então, as bancas de verdura se elevavam à categoria de acolchoadas poltronas dos acadêmicos. O luar, a essas horas, se estendia, com branca luminosidade de sua ternura, pelo gramado, engatinhava pelos degraus de alvenaria e lentamente chegava até aqueles sonhadores com a suavidade de um suspiro perdido. E as tertúlias dessa viçosa intelectualidade avançavam pela madrugada a dentro, ricas de conteúdo literário.
Depois chegou outra época, as décadas de 1931 e 1941 e com elas, outros adolescentes que se reuniam no seu “chateau”, uma casinhola feita de tábuas de caixotes, no quintal do “Seu Juca” (José Ferreira de Albuquerque).
Aí, nesse encontro, promoviam acalorados debates sobre os mais variados temas culturais. Era aí, o cenáculo daquela mocidade estudiosa. Uma amoreira que ficava lá no fundo do quintal. Mas não parou aí. Novos tempos vieram. Vivia-se a época de 1941 a 1950.
Eram outros jovens estudantes que prosseguiam discutindo sobre os destinos da cultura pirassununguense. Era uma questão de honra, pugnar por esse ideal. Assim, esse pugilo de rapazes, cioso desse nobre mister, dirigiam-se para o seu improvisado ateneu, ora instalado nas dependências da lendária Matriz Velha, templo saudoso, com o espinhaço da cumeeira alquebrado, com cáries profundas nas tábuas do seu teto e do seu piso, com suas portas e janelas mutiladas, causados pela avançada idade.
Então, era aí, ou, mesmo no Jardim Velho, em seu coreto caleidoscópico. Nesse local, sob o pálio verdejante de sua sebe espessa e perfumada, esses acadêmicos se reuniam. A tribuna era o chafariz de pedra, defronte daquele caramanchel de sonhos. E as indagações, copiosas, iam se desabrochando, plenas de luz. Nas noites de céu limpo, o luar era tão pródigo que o local se transformava numa ágora banhada de prata. E pensar que este fascinante sonho emanava de uma encantadora fonte, cujo nome era Escola Normal, alma mater de nossa Academia. E foi aí nos corredores da Escola Normal, que uma nova geração de jovens estudantes passou a discutir sobre os destinos da cultura em Pirassununga.
O tempo foi passando e os planos e os sonhos foram se convertendo em realidade. E eis que chega o ano de 1976. No dia 17 de Julho de 1976, uma plêiade de abnegados da arte se reuniram e criaram em Pirassununga a APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação. Assinaram a primeira ata, os acadêmicos prof. Décio Grisi, prof. José Aparecido Caruso Neto e o dr. Salvador Humberto Grisi que configuram como sócios fundadores da Academia, o que ocorreu exatamente naquele 17 de julho de 1976.
Na realidade surgiu de um diálogo institucionalizador bem à moda eletrônica na época: por telefone. E daí, um anteprojeto de Estatutos, um reencontro a dois, os primeiros debates e críticas, a inclusão e exclusão de temas, a seleção de nomes e, logo mais um colóquio a três, seus fundadores: Décio Grisi, José Aparecido Caruso Neto e Salvador Humberto Grisi.
Aos dezessete dias do mês de julho de mil novecentos e setenta e seis, às nove horas e trinta minutos, em Pirassununga, Estado de São Paulo, na rua Coronel Franco, n.º 65, e, após inúmeros encontros, reuniões e sessões preparatórias em que se discutiam as linhas básicas para a instituição de um cenáculo de intelectuais interessados, não só na extensão e aperfeiçoamento cultural, como também no fortalecimento dos laços de amizade e camaradagem entre seus componentes, realizou-se a reunião conclusiva por meio da qual os pirassununguenses Décio Grisi, José Aparecido Caruso Neto e Salvador Humberto Grisi decidiram, juntamente com os co-fundadores, estabelecer os fundamentos da constituição da entidade. Estavam presentes nesta reunião de fundação da Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação doze pessoas: Décio Grisi, José Aparecido Caruso Neto, Salvador Humberto Grisi, Felipe Malaman, Farid Elmor, Arthur Del Nero, Daniel Caetano do Carmo, Irany Ferrari, Renato Grisi, Salim Sedeh, Orlando dos Santos e Sebastião Fernandes de Carvalho. Nesta reunião de fundação da APLACE foi apresentado uma lista de 20 nomes que fariam parte dos patronos: Álvaro da Rocha Sundfeld, Benedito Sampaio, Sebastião de Oliveira Penteado, José Leite Pinheiro, Joaquim Silva, Octaviano José Correa Júnior, Mário Zoéga, José Ferreira de Albuquerque, Mário Martins Cantinho, Santo Ferrari, Cacilda Becker, Anthenor Ferreira de Godoy, Erothides de Campos, Monsenhor Francisco Cruz, Paulo do Valle Júnior, Moacyr Apparecido Bernardez, Antonio Zeferino do Prado, Henrique da Motta Fonseca Júnior, Francisco Franco de Souza e Eitel Arantes Dix. Os vinte restantes seriam escolhidos nas próximas reuniões, bem como a numeração das cadeiras.
De acordo com o Estatuto da APLACE, os três primeiros subscritores da Ata da Reunião de Fundação da Academia (Décio Grisi, José Aparecido Caruso Neto e Salvador Humberto Grisi) são considerados seus fundadores ou instituidores e, como tal, também são seus institucionalizadores e membros titulares das cadeiras segundo suas escolhas respectivas, dispensando-se-lhes, por implícitas, as cerimônias de compromisso e posse. A APLACE tem como co-fundadores Felipe Malaman, Farid Elmor, Arthur Del Nero, Daniel Caetano do Carmo, Irany Ferrari, Renato Grisi, Salim Sedeh, Orlando dos Santos e Sebastião Fernandes de Carvalho.
Abriu-se desta forma, com a criação da APLACE, mais um campo de luta pela manutenção dos valores da terra, pela oportunidade para que outros se manifestem e se revelem e pelo reconhecimento de quantos por Pirassununga passaram e deixaram a sua preciosa contribuição nas letras, na arte, na ciência e na educação.
São cultores da literatura em geral, escritores, poetas, cientistas, educadores, artistas, publicitários, ensaístas, folcloristas, sociólogos, pesquisadores, juristas, arquitetos, jornalistas, cronistas, músicos, contistas, professores, doutores, enfim, gente culta que ao seu saber agregam valores morais de uma vida reta.
Com cento e um ano de idade, o fundador Décio Grisi reside na capital paulista (São Paulo). Atualmente, a APLACE tem como presidente o escritor, jornalista e professor Israel Foguel, reeleito e empossado no último dia 10 de julho de 2019.
– ISRAEL FOGUEL (Presidente 2019/2021)