Falece o fundador da APLACE: Prof. Décio Grisi
Faleceu na madrugada deste dia 2 de janeiro de 2020, na capital paulista, onde residia, aos 101 anos de idade, o professor Décio Grisi, último remanescente dos três fundadores da APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação.
O Prof. Décio ocupava a cadeira de número 01, cujo patrono é o eminente educador brasileiro e antigo professor Antonio Ferreira de Almeida Júnior.
Seu corpo estará chegando em Pirassununga no sábado, dia 4 de janeiro de 2020, por volta das 14 horas e o seu sepultamento estará acontecendo às 16 horas e 30 minutos, do mesmo dia, no Cemitério Municipal de Pirassununga.
Décio Grisi nasceu na cidade de Pirassununga no dia 19 de junho de 1918.
Em 1941 graduou-se pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP).
Em 12 de abril de 1970 por um grupo de educadores paulistas, foi fundada a Academia Paulista de Educação. No dia 20 de novembro de 1973 foi empossado na cadeira nº 2, desta Academia Paulista de Educação, em São Paulo. A cadeira nº 2 tinha como patrono Sampaio Dória.
Último remanescente da primeira legislatura da Câmara de São Paulo após o fim da ditadura instaurada pelo Estado Novo (1937-1945), Décio Grisi, membro do PTB, foi eleito para o mandato entre janeiro de 1948 e 1951, sendo colega no parlamento de Jânio Quadros e assessor do petebista no governo do estado.
Magro, cabelos longos e memória extraordinária, Grisi foi vereador do tempo em que a Câmara Municipal de São Paulo funcionava em um prédio anexo ao da Prefeitura, no Palacete Prates, na Líbero Badaró. Grisi legislou para uma cidade de 2 milhões de habitantes e 500 mil eleitores.
“A cidade de São Paulo era esquecida totalmente, sobretudo por causa do trânsito. A pessoa ficava na fila uma ou duas horas para conseguir transporte. Era uma cidade pobre. Ninguém ficava na perspectiva de assumir o comando porque o comando estava nas mãos da ditadura”, relembra Grisi, fazendo referência ao regime de Getúlio Vargas (1935-1945). Grisi foi um dos melhores amigos de Jânio Quadros.
Segundo os eleitores paulistanos, Décio foi um vereador operoso, trabalhador, lutou pelos interesses dos trabalhadores, dos professores, varejou bairros longínquos promovendo melhoras – esteve na Vila Maria antes do local tornar-se reduto político de Jânio – e cerrava fileiras ao lado de causas beneméritas, que tem consequências positivas até os dias de hoje.
Décio foi – junto ao saudoso Francisco Ladeira – pedra angular do segundo volume da biografia de Jânio Quadros. Seus depoimentos múltiplos, sua memória impecável e sua perene boa vontade são prêmios que nunca se esquece e pelos quais acalentamos eternamente a mais fervorosa gratidão.
Foi o primeiro presidente da Comissão Consultiva Mista do Instituto de Assistência
Médica ao Servidor Público Estadual (CCM Iamspe).
Em 3 de janeiro de 2013, único vereador vivo da Legislatura de 1948 foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo, durante o lançamento do livro “São Paulo na Tribuna: Primeira Legislatura”, que recorda a atuação dos primeiros vereadores da cidade de São Paulo, eleitos em 1947. Organizado pelo jornalista e pesquisador Luiz Casadei, com apoio da professora Carla Reis Longhi, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), o livro relembra leis, projetos, tramitações,discussões, histórias e fotos dos vereadores e da antiga sede da Câmara, o Palacete Prates.
O professor Décio Grisi, então com 29 anos, fazia parte da chamada tropa juvenil. “Foi muito atuante e participava dos chamados comandos da madrugada. Após os expedientes na Câmara, costumava ir até os bairros mais distantes da cidade com o objetivo de escutar os anseios das populações mais carentes”, afirmou José D’Amico Bauab, um dos autores do livro e pesquisador do Centro de Memória Eleitoral doTribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
O escritor e professor Olavo de Carvalho, em 2014, postou o seguinte comentário sobre o professor Décio Grisi: “Só agora fiquei sabendo que em 2013 meu ex-professor de Biologia, Décio Grisi (o melhor professor que tive no ginásio, ao lado do de Latim, José Hildebrando Bretas), foi homenageado, já quase centenário, na Câmara Municipal de São Paulo. Era um homem doidão e genial. Saudades, professor! Ele tinha os métodos mais malucos, mas criava na gente um verdadeiro desejo de conhecimento. Momentos inesquecíveis: Para ensinar o princípio da conservação da matéria, ele lacrou portas e janelas e tocou fogo numa pilha de jornais. Quando já não se via mais nada e estava todo mundo tossindo, só se ouvia a voz do professor: “Entenderam? Nada se cria, nada se perde”.
Décio Grisi era professor aposentado de Ciências Naturais e Biologia do Ginásio e Colégio São Paulo e de Santo André.
Juntamente com Salvador Humberto Grisi e José Aparecido Caruso Neto fundou, em 17 de julho de 1976, a APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação.
A APLACE era para Décio Grisi um sonho realizado, uma conquista dos jovens de então. Sempre dizia: “A Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação surgiu, como tudo que é sublime, de um grande sonho, após a maturação de projetos que durante muitos anos fecundaram na alma e no coração de alguns pirassununguenses desde o período vernal de sua existência.”
Com a morte de Décio Grisi, a APLACE perde seus fundadores (Salbvador Humberto Grisi e José Aparecido Caruso Neto), em como seus nove co-fundadores: Felipe Malaman, Farid Elmor, Arthur Del Nero, Daniel Caetano do Carmo, Irany Ferrari, Renato Grisi, Salim Sedeh, Orlando dos Santos e Sebastião Fernandes de Carvalho.
Atualmente responde pela presidência da APLACE – Academia Pirassununguense de Letras, Artes, Ciências e Educação o professor, escritor e jornalista Israel Foguel.
– ISRAEL FOGUEL (Presidente da APLACE)